Ataque de PânicoO transtorno do pânico (TP) é uma síndrome caracterizada pela presença recorrente de ataques de pânico, definidas como crises espontâneas, súbitas, de mal-estar e sensação de perigo ou morte iminente, com múltiplos sintomas e sinais de alerta e hiperatividade autonômica, atingindo seu máximo, por definição, em cerca de dez minutos.
O tempo de duração da crise, no entanto, admite ainda discussões; alguns autores sugerem que o tempo possa ser maior, podendo durar até algumas horas em um número menor de pacientes.
Em alguns casos o termo pânico não se aplica à forma como muitos pacientes reagem às crises; isso pode ocorrer em função da pequena intensidade das crises ou da informação que o paciente tenha sobre sua doença.
O ataque de pânico não é, em si, uma entidade patológica e pode ocorrer isoladamente sem maiores repercussões em até 15% da população geral. Estes episódios isolados podem ocorrer em diversas situações: numa pessoa saudável após situação de extremo perigo, num indivíduo fóbico após exposição ao objeto ou situação fóbica, durante uso ou abstinência de drogas (cocaína, maconha, álcool), privação de sono prolongada, abuso de cafeína ou psico-estimulantes.
O ataque do pânico é definido (DSM-IV) como um episódio agudo de medo ou pavor acompanhado de pelo menos quatro dos sintomas somáticos ou cognitivos relacionados abaixo:
1. Palpitações ou taquicardia;
2. Sudorese;
3. Tremores ou abalos;
4. Sensação de falta de ar ou sufocamento;
5. Sensação de asfixia;
6. Dor ou desconforto torácico;
7. Náusea ou desconforto abdominal;
8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio;
9. Sensação de desrealização ou despersonalização;
10. Medo de perder o controle ou enlouquecer;
11. Medo de morrer;
12. Parestesias;
13. Calafrios e ondas de calor.
Após o ataque ou crise de pânico o indivíduo experimenta uma sensação de cansaço, fraqueza e extremo relaxamento, alguns pacientes se descrevem como uma "bateria descarregada" após um grande esforço. Podem dormir um pouco, ficar prostrados durante um tempo ou sentir-se extremamente envergonhados por demonstrarem sua "fraqueza" diante de outros.
Indivíduos que têm síndrome do pânico não apresentam sintomas neurológicos relacionados ao quadro e todos exames complementares, inclusive o EEG é normal.
Apesar de extensos estudos, a neurobiologia dos ataques de pânico ainda não está bem estabelecida. No caso dos ataques de pânico com fatores desencadeantes, sugere-se que o pânico seja uma resposta exacerbada de luta e fuga.
Os ataques de pânico espontâneos têm sido explicados como alterações nos sistemas orgânicos de alarme, respostas biológicas de fuga e luta sem uma ameaça externa ou erros na interpretação de estímulos internos como taquicardia ou falta de ar. Drogas ou situações que podem desencadear crises de pânico sugerem que exista um padrão no qual sistemas serotoninérgico, noradrenérgico, GABAérgico e respiratórios estão envolvidos.
Particularmente as vias serotoninérgicas têm ganho grande destaque devido à eficácia das drogas serotoninérgicas no tratamento dos transtornos de ansiedade incluindo o TP, bem como a pouca resposta do quadro a drogas noradrenérgicas.
Para alguns autores de orientação psicanalítica, os ataques de pânico raramente são espontâneos e uma busca mais apurada encontra "gatilhos" psicológicos que disparam as crises. Do ponto de vista psicodinâmico, alguns dos aspectos têm sido mais estudados e estão resumidos abaixo:
1. Dificuldade para tolerar raiva;
2. Separações físicas ou emocionais de pessoas importantes tanto na infância como na idade adulta;
3. Pânico pode ser desencadeado por aumento de responsabilidade no trabalho;
4. Perceber os pais como autoritários, críticos e controladores;
5. Relato de abuso sexual.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial é fundamental no tratamento de TP. O TP deve ser diferenciado de diversas doenças clínicas ou psiquiátricas que podem apresentar sintomatologia semelhante. Ataques de pânico podem ocorrer em doenças como:
1. Hipo ou hipertireoidismo;
2. Hiperparatireoidismo;
3. Feocromocitoma;
4. Crises epiléticas parciais;
5. Doenças vestibulares;
6. Neoplasias;
7. Arritmias cardíacas;
8. Asma e abuso de medicações broncodilatadores;
9. Uso e abstinência de drogas.
Tratamento:
A TCC pode ser usada isoladamente em casos mais leves ou em associação ao tratamento farmacológico com bons resultados. Mais recentemente, os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) demonstraram boa eficácia no tratamento do TP e foram ocupando papel de destaque.
Fonte: Revista Brasileira de Medicina. Vol 58, Num 7, Julho/2001Síndrome do Pânico - Alberto Stoppe Júnior, Táki Athanássios Cordás

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